Resultados na Cicatrização de Feridas em Hérnia de Parede Abdominal
Introdução
Hérnia da parede abdominal é uma entidade clínica de elevada prevalência, sendo as incisionais e ventrais 10% de todas as hérnias. Consiste na protrusão de vísceras abdominais através de orifícios ou áreas da parede abdominal, anormalmente enfraquecidos por trauma e incisões cirúrgicas. O tratamento é cirúrgico.
Objetivos
Relatar caso de evolução de tratamento tópico de feridas em hérnia abdominal.
Método
Estudo descritivo, do tipo Relato de Caso, conduzido em Serviço de Assistência Domiciliar particular na cidade de São Paulo. Respeitados todos os princípios bioéticos (Parecer C.C. 162/14). Mulher, 36 anos, Diagnóstico: Síndrome de Turner, Obesidade, Hérnia de parede abdominal incisional, Cistostomia. Apresenta hérnia de parede abdominal em Quadrante inferior esquerdo, com múltiplas feridas e equimoses formadas devido atrito com a roupa e com a própria pele. Em uso de rayon embebido em vaselina com troca diária. Avaliação inicial: feridas de espessura média, leito apresenta tecido de granulação e áreas de coágulos, margens irregulares, exsudato sero-hemático em pouca quantidade, sem sinais flogísticos e relato de dor escore 5 (EVA) durante a retirada do curativo (aderido). Equimoses múltiplas.
Orientada quanto a evitar roupas justas, minimizando desta forma o atrito. Iniciada terapia tópica com uso de Solução NaCl 0,9% morno para limpeza, proteção da pele perilesional com creme barreira e cobertura do leito das feridas e equimoses com compressa embebida em AGE associado a óleo de copaíba e melaleuca e troca diária.
Resultados: Após sete dias do início da terapêutica, as feridas evoluíram com contração centrípeta, resultando em redução importante de sua área, desbridamento total das áreas de equimose, revelando feridas de espessura média com 100% de tecido de granulação em seus leitos e melhora da dor (escore 2). Após 14 dias do início da terapêutica, as feridas evoluíram com epitelização, restando apenas alguns pontos de tecido de granulação de pequenas dimensões e concomitante melhora do aspecto da pele de toda a área, com melhora da hidratação, coloração uniforme e maior resistência, não apresentando novas áreas de formação de feridas e resolução da dor (escore 0).
Discussão
O tratamento tópico adotado demonstrou ser eficiente em estimular a cicatrização das lesões e melhorar o aspecto, resistência e turgor da pele perilesional.
Conclusões
A despeito dos possíveis vieses de confusão, podemos inferir que: a solução de AGE, óleo de copaíba e melaleuca, estimulou a mitose e migração celular, resultando em reepitelização das feridas em curto tempo de uso, preveniu infecção secundária e auxiliou na melhora da dor ao manter o leito da ferida úmido, não ocasionando traumatismos durante as trocas. O creme barreira, assim como já descrito na literatura, evitou a maceração da pele íntegra e melhorou sua hidratação, resultando em melhora do aspecto e resistência.
Considerações finais
Outros estudos são necessários para confirmar o efeito desta solução na cicatrização demonstrado neste relato de caso, pois a maioria dos estudos publicados sobre o efeito do AGE em feridas de espessura média, referem-se a AGE com outras associações e foram realizados em animais, prejudicando a comparação com sua aplicação na prática clínica.