Diabetes e os Sapatos
Devido a todas as alterações que o diabetes pode causar (vasculares, neurológicas, cutâneas), a escolha de meias e sapatos para pessoas que vivem com diabetes deve ser criteriosa. Isto porque a meia ou sapato inadequados podem ter como consequências desde simples bolhinhas nos pés, até amputações de membros por feridas infectadas ou garroteamentos da perna.
Meias
As meias devem ser de algodão, para permitirem a evaporação do suor, não retendo umidade nos pés. A umidade somada ao calor propicia o crescimento de fungos e causa maceração na pele (sabe quando a gente fica muito tempo na piscina e a pele fica esbranquiçada e toda enrugadinha?).
A pele macerada se rompe com maior facilidade, criando uma porta de entrada para microorganismos, ou seja: propício à infecção.
A proliferação dos fungos causa micoses, que podem ser interdigitais (entre os dedos) ou nas unhas (onicomicoses). A presença destes fungos é uma ameaça, pois qualquer rompimento na pele permite que eles ultrapassem a nossa barreira natural e causem infecções, que podem se tornar graves.
Outro detalhe importante é que não deve haver costuras nas meias. Sabe aquela costura bem em cima dos dedos? Pois é, com um sapato um pouco mais justo elas causam pressão e fricção, resultando em feridas. Por isso, quando for comprar meias, examine bem esta região para ver se não tem costuras.
O punho é outro ponto crítico. Ele deve ser feito da própria malha, sem conter elásticos, pois estes podem apertar demais a perna, atrapalhando a circulação de sangue.
Sapatos
A seleção de calçados para pacientes diabéticos é considerada uma prescrição e deve envolver critérios clínicos e confecção de acordo com normas padronizadas. O Departamento de Pé Diabético da SBD elaborou um conjunto de normas técnicas, com base em conceitos globais mínimos de adequação, para uso de calçados por pacientes com DM. No Brasil, os órgão responsáveis pela aprovação dos calçados que atendem à estas normas são a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
Para atender a estes critérios os calçados devem seguir as seguintes especificações (as quais tentarei traduzir para a prática):
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Peso: < 400 g (máximo: 480 g), ou seja, devem ser leves;
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Parte anterior (frente/biqueira): ampla, com largura e altura suficientes para acomodar os dedos (modelos com até três larguras). Os dedos devem ficar bem confortáveis, nada de bicos finos;
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Parte externa: couro macio e flexível. O couro e tecidos de fibras naturais permitem a evaporação do suor e permitem a movimentação dos pés de forma confortável;
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Forração interna: em couro de carneiro ou microfibra antialérgica e antibacteriana. Permitem a absorção e evaporação do suor;
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Entressola: palmilhado com fibras de densidade variável. A palmilha deve ser capaz de absorver impactos;
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Solado: não flexível, do tipo mata-borrão, com redução de impacto e antiderrapante, de couro ou borracha densa, colado ou costurado, com espessura mínima de 20 mm;
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Contraforte rígido e prolongado: O contraforte é um reforço interno de proteção do calcanhar. Deve acomodar e ajustar o retropé, prevenindo atrito no calcâneo e/ou no maléolo (aqueles ossinhos na laterais do tornozelo);
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Ausência de costuras e/ou dobras internas;
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Colarinho almofadado. O colarinho é a parte mais alta do calcanhar do sapato, onde há a costura, e onde geralmente acabamos com uma bolha quando o sapato é novo, devido sua rigidez. Nos sapatos de linhas de conforto ou para diabéticos, esta parte recebe uma proteção, uma almofada interna, que protege deste atrito;
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Lingueta prolongada;
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Gáspea (parte que cobre o dorso do pé) flexível e elástica, com altura para acomodar o dorso do pé sem apertar;
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Palmilha removível, o que facilita a limpeza e secagem;
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Abertura e fechamento: com calce regulável (velcro ou cadarço;
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Cabedal de material não sintético;
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Salto de 2 cm;
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Rigidez no médio pé. Didaticamente dividimos o pé em três partes: Antepé, médio pé e retropé. A rigidez dá sustentação ao arco plantar.
Além disso, o podiatra pode calcular o número exato do seu calçado através da medida de pontos de altura e largura do seu pé. Não é incomum descobrirmos que estamos usando a numeração errada (às vezes uma vida inteira), pois o formato, e consequentemente o tamanho do pé muda ao longo da vida.
Outra estratégia
Outra estratégia simples e prática é contornar o formato do seu pé em um papel e levar quando for comprar sapatos. Além de calçar o sapato para saber se ele tem a altura ideal, você deve colocar o sapato em cima do desenho do seu pé e ele deve cobrir totalmente o desenho. Se alguma parte ficar para fora do sapato, escolha outro modelo, pois o sapato ficará apertado. Faça este teste com seus sapatos e provavelmente vai descobrir que a maioria deles não cabe no seu pé! Principalmente as mulheres!!!
Agora que vocês já sabem como escolher meias e sapatos adequados, bora colocar em prática!!!
#euamocuidardospés
Muito Bom!
Obrigada!