Ouviu dizer que não é uma simples lesão por pressão? Conhece os desafios do manejo?
Quer saber mais? Então acompanhe o Feed desta semana.
Escrito por Mariana Takahashi em dezembro de 2020
Lesões por Pressão
Todo profissional de saúde já deparou em algum momento com estas lesões. Aqueles que trabalham em hospitais, certamente lidam com esta entidade clínica na sua prática diária, podendo conhecê-la por outros nomes como: úlcera de pressão ou úlcera de decúbito. Cuidadores e familiares de pessoas acamadas ou com restrição de mobilidade também enfrentam o desafio de lidar com este tipo de lesão. O fato é que todos nós corremos o risco de desenvolvermos este tipo de lesão, pois basta ter pele.
Neste FEED vamos conhecer as temidas lesões por pressão e discutir o seu manejo quando esta acontece junto com a COVID-19! Acompanhe!
O que são?
Lesões por pressão, anteriormente conhecidas como úlceras de decúbito, úlceras por pressão, tiveram sua nomenclatura revisada em 2016, sendo hoje denominadas Lesões por Pressão (LP). De forma bem simples, estas lesões se desenvolvem quando há pressão exercida sobre a pele comprimida entre o peso do corpo e a superfície na qual ele está apoiado, em especial sobre proeminências ósseas. Estas lesões são facilmente contaminadas, devido sua localização, sendo que a mais comum é a região sacral, ou seja, o tempo todo exposta a urina e fezes. Somado às condições clínicas desfavoráveis, os microrganismos encontram o cenário ideal para causar infecções. Porém, antes disso, são capazes de desenvolverem biofilmes, que devem ser o foco do manejo destas lesões para os profissionais envolvidos.
O diagnóstico de Lesão por Pressão e seu estadiamento pode ser feito pela avaliação de um profissional de saúde que tenha conhecimento desta entidade clínica. A localização, profundidade e aspectos clínicos do paciente são características que nortearão este diagnóstico.
Como eles se formam?
Além do desenvolvimento pela pressão provocada pelo peso corpóreo e a superfície de apoio, elas também podem acontecer pela associação entre pressão e cisalhamento, que é a deformação que acontece na pele quando ela “resiste” ao arraste pelo peso do corpo. Compliquei? Vamos simplificar: sabe quando ficamos sentados na cama e o tronco vai escorregando, aumentando o peso sobre os glúteos, que vão “esticando” por resistir a escorregar? Pois é, isto é a deformidade causada pelo cisalhamento.
Para além disso, ainda existem as LPs ocasionadas por dispositivos de saúde (dispositivos médicos), que acontecem por estes dispositivos exercerem pressão sobre a pele ocasionando lesões. Nestes casos conseguimos identificar facilmente a etiologia da pressão a lesão segue o trajeto do dispositivo. Seja na pele, seja nas mucosas.
Outro componente com seu papel já bem definido na formação de LPs é a alteração no microclima da pele. A alteração de temperatura, excesso de umidade e hidratação deficiente da pele a tornam mais frágil, e assim suscetível ao rompimento.
O primeiro estágio da LP é caracterizado por um eritema não branqueável, ou seja uma área de pele avermelhada que estava sofrendo algum tipo de pressão e que não branqueia quando aplicada digitopressão; traduzindo: quando pressionamos o local com o dedo (ou um instrumento, e daí denominamos vitropressão), esta área avermelhada não se torna pálida. A detecção precoce de LPs neste estágio e instituição de tratamento, evitam sua progressão e o rompimento da pele.
As regiões mais comumente atingidas pelas LPs são: região occiptal (atrás da cabeça), escápulas (asas), cotovelos, sacral (bumbum), trocânteres (lateral do quadril), ísquios (ossinhos do bumbum que nos apoiamos quando sentados) e calcâneos. Porém, com o advento da COVID-19 e a posição prona (deitado de barriga pra baixo) como recurso terapêutico, novas localizações se tornaram muito comuns, como ombros, mamas, órgãos genitais masculinos, espinha ilíaca (osso do quadril), joelhos e dorso do pé.
A vasculite provocada pelo SARS-COV-2 torna nossa pele mais suscetível ao desenvolvimento destas lesões, pois a vascularização local fica potencialmente prejudicada. O resultado é percebido com maior dificuldade das equipes em prevenir as LPs e quando estas se desenvolvem, se apresentam em proporções muito maiores, tanto em termos de dimensões e planos atingidos quanto na agressividade com que evoluem.
A minha experiência com estes pacientes têm mostrado grandes perdas de tecido, lesões E4 tem sido a regra, e controlar esta imensa perda tissular é desafiador. Na minha vivência de receber estes pacientes em ambiente ambulatorial pós-alta, pude identificar a presença de biofilme em 100% dos casos.
E como eu trato?
No próximo FEED da próxima semana vamos falar sobre os desafios de manejar estas lesões e pontos aos quais devemos atentar para alcançarmos a cicatrização.
Evolução da cicatrização completa de uma lesão por pressão desenvolvida durante internação por COVID. Imagens do arquivo pessoal da Ms. Mariana Takahashi.
Aguardem!!!
#euamocuidardapele!